MULHERES PENSADORAS DA REALIDADE BRASILEIRA
Apresentação
O Curso “Mulheres Pensadoras da Realidade Brasileira” pretende ser um espaço de estudo que articule investigação, sistematização e debate sobre o papel das mulheres nas lutas populares de resistência ocorrido nos diferentes períodos históricos, assim como de sua contribuição na construção do pensamento sócio-político,e econômico e cultural brasileiro.
O Curso “Mulheres Pensadoras da Realidade Brasileira” pretende ser um espaço de estudo que articule investigação, sistematização e debate sobre o papel das mulheres nas lutas populares de resistência ocorrido nos diferentes períodos históricos, assim como de sua contribuição na construção do pensamento sócio-político,e econômico e cultural brasileiro.
Cada época, carrega determinadas contradições e conflitossociais que impulsionaram certas interpretações da formação social do povo brasileiro, bem como as próprias lutas travadas em cada época.
As mulheres participaram das resistências popular edurante o processo de colonização no Brasil (séculos XVI ao XVIII). Participaram das lutas republicanas, anti-escravocratas e anti-latifundistas no Brasil Imperial e Primeira República (século XIX). Atuaram incansavelmente nas lutas anarco-sindicalistas durante o processo de industrialização no país (século XIX e XX), nas lutas camponesas e partidárias, na resistência aos governos ditatoriais, e nas lutas populares nos processos de redemocratização. São muitos os nomes esquecidos nas esquinas da história, os quais necessitam ser trazidos à tona para a memória coletiva. (MONTENEGRO, 1985; ARRAES, 2017; MORAES, 1996).
Em todas estas épocas, as mulheres, apesar de invisibilizadas, estiveram presentes na práxis histórica,atuando em diversas áreas, formulando e debatendo questões polêmicas de seu tempo. Estiveram de olhos bem abertos, de passos ligeiros e mãos ativas enquanto cuidavam de feridos, de crianças e idosos, ou enquanto cozinhavam nos processos coletivos de estudo, debate e lutas populares. Estiveram atentas e atuando nas artes (literatura, música, pintura e teatro), na educação, na saúde,na economia, na política, na organização social e na luta feminista. (BERNARDES, 2007; SHUMAHER, 2000; 2007).
É importante considerar que pouco se encontra de seus escritos e biografias, mas é possível identificar registros e menções pontuais sobre seu protagonismo em processos de emancipação. Em sua maioria, assumindo funções vinculadas às tarefas cotidianas e de organização de base, pouco escrevendo e registrando seus pensamentos. As que escreveram, o fizeram sobre temas diversos, analisando aspectos da práxis onde organicamente estavam vinculadas.
A proposta deste Curso vem possibilitar o estudo e a socialização do legado de algumas dentre tantas destas mulheres. Mas também pretende fazer parte de uma necessária mobilização coletiva que instigue à pesquisa, à produção, à compilação, e à sistematização do pensamento e da trajetória destas mulheres na trajetória de suas lutas e do pensamento social brasileiro.
Desta forma, compreende-se que o conteúdo programático deste curso deve acompanhar a trajetória de mobilização e das organizações sociais populares que fizeram e fazem história nesse país, pautando e provocando as transformações sociais necessárias e urgentes a cada época.
Compreende-se também que a partir desse princípio orientador, há infinitas possibilidades de organização de programações ou enfoques que podem ser propostos a cada nova turma: por região, por área de atuação, por lutas sociais, por período histórico, entre tantos outras. A proposta da primeira turma priorizará o estudo de algumas pensadoras nos marcos das lutas do século XX, conforme descrevemos adiante.
É necessário destacar que o curso pode ser realizado em nível nacional, regional ou ainda estadual, mas que ao mesmo tempo, possa ser abrangente articulando as dimensões da particularidade e da universalidade da participação das mulheres na construção do pensamento social, político, econômico, e cultural do povo brasileiro.
É fundamental também considerar a importância das parcerias para a realização deste Curso, seja com organizações sociais populares, com instituições universitárias, com grupos de pesquisa e estudo, com professoras e professores pesquisadoras, com instituições de educação popular e/ou que promovem processos de formação política, entre outras. Parcerias estas, que cumprem a função social de articular, organizar, difundir, socializar e pesquisar o tema em suas múltiplas dimensões.
O curso é destinado especialmente a mulheres e homensb integrantes de movimentos e organizações sociais populares do campo e da cidade, podendo também participar estudantes que pesquisam a temática central deste processo de formação. O perfil de participantes deve ser garantido pela Coordenação Político Pedagógica de cada turma através da organização do processo seletivo, contendo inclusive a apresentação de carta da organização social que representa.
Para o perfil e critérios de seleção da primeira turma, optou-se por abrir vagas para: integrantes de movimentos sociais populares; mulheres camponesas, indígenas e quilombolas; mulheres das periferias urbanas em associação;educadoras populares; mulheres negras, jovens e de maior idade; LGBTQI+.
Por fim, é importante destacar, que as características de desenvolvimento de cada turma podem ser construídas e reconstruídas a partir das necessidades e condições do momento, entretanto que possam ser guiados pelos fundamentos que originaram o nascimento do Curso.